segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Lua minguante


Em qualquer outro momento aquela seria a pior sensação de todas. Não era o caso. A água gelada do lago batia e adormecia seus pés. Aproveitava o perder do tempo! Já era de madrugada, e faria frio pra qualquer outra pessoa.

As luzes da cidade iluminavam ruas vazias, formando assim o horizonte de uma bela pintura. Observava tudo sem demonstrar sua apreciação, como quem olha para uma dama. A lua minguante, protagonista da noite, se multiplicava em abstratas propagações naquelas águas turvas, que se viam riscar por um corredor de infinitos estalos de prata. A dormência que sentia em seus pés parecia massageá-los, assim como o frio em seu corpo parecia confortá-lo. Tudo fazia parte de um único momento, de uma cena que talvez só tivesse um espectador.

Sem saber, aquele homem não apenas apreciava a paisagem, mas se identificava com ela. Em uma lua torta, via-se com a promessa de que, em um outra noite, haveria de se tornar crescente.

4 comentários:

  1. É muito mais satisfatório saber que o futuro é a evolução e não o retrocesso, mesmo que seja um caso cíclico. Bom texto, toolk :)

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  2. já disse que gosto muito dos seus textos né? *-*

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