segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Em fotografias


Outro dia me lembrei do confortável caos que era seu quarto. Da TV que ficava em frente à cama, e dos filmes que passamos noites assistindo. Não foram muitos, é verdade, mas te garanto quem me lembro de cada detalhe.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Desfile do idiota


Hoje resolvi largar meus problemas fúteis em qualquer banco de praça. Decidi que vou deixar de lado o lado da vida que faz sofrer, mesmo que só por um dia. Todas aquelas preocupações momentâneas que tentam me convencer de sua eternidade não serão ouvidas hoje. Sem qualquer justificativa, irei colocar em meu rosto um sorriso bobo e desfilar por aí, me esquecendo de quase completamente do que me aguarda amanhã.

Decidi ser feliz. Não pra sempre, só por hoje. Um curto, idiota, mas bem aproveitado dia.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Emaranhados


Estava num lugar desconhecido, perdida entre seus lençóis, travesseiros, e algumas peças de roupa. Tantas mulheres pedantes de atenção, e esta tem a ousadia de dizer que estava farta. Sim, estava! Acabara de receber flores, e tudo que conseguia pensar é até quando elas iriam durar.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Aparição


Havia duas certezas que tornavam aquele homem de olhar baixo na janela do ônibus um ingênuo: acreditar que sabe lhe dar com a perda e que, naquele momento, estava dormindo. Pobre rapaz! Tudo aconteceu numa daquelas manhãs cinzentas, por mais que não houvesse qualquer nuvem no céu.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Suave arder


Era fim de noite. Pelo menos era isso que o jazz que tocava naquele bar mal iluminado fazia acreditar. Mantinha em contato com a testa um copo que continha um néctar dourado, com duas ou três pedras de gelo. Bebia se deliciando com o suave arder que sentia na garganta, como se fosse uma forma de materializar a dor que palpitava no peito. Não quer ficar bêbado, mas apenas que o tempo passe. Geralmente é assim que as dores se curam, e nisso ele acreditava. No tempo, e na capacidade daquele uísque de lhe fazer esquecer.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Os oito postes na avenida


Dizem que o olfato é o sentido humano que mais está ligado à memória. Entretanto, quando é a audição que resolve brincar com o relembrar tudo ocorre com um belo diferencial. Um tanto menos lógico, ainda que seja mais palpável.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A quem faz sorrir


Vestia um jaleco de colégio com uma camiseta de a academia de taekwondo por baixo. Andava sorridente, mesmo sendo ainda manhã de uma sexta-feira. Por isso as pessoas gostavam tanto dele! Não era como qualquer um.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Chamada efetuada


Há coisas que simplesmente acontecem, ou mesmo deixam de acontecer. Não é necessário força de vontade, insistência, ou prática pra que sejam ou não feitos. Não ter o destino em suas mãos pode parecer frustrante para alguns, mas quem um dia der uma chance ao acaso poderá conhecer o que ele tem de mais esplêndido.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ato I


Num cenário qualquer, surge uma protagonista. Seus traços faziam as tantas outras personagens presentes figurarem a cena. A sutileza de sua pele e a indiscrição de seus lábios contrastavam em tentador branco e vermelho. Seus cabelos, cuidadosamente despenteados, lembravam nuvens que denunciam um forte vento no céu. Ela caminhava parecendo não ligar para o que estava ao seu redor, como tantas outras mulheres sabem fazer, mas essa parecia ter de fato algo mais importante para pensar. Olhando para o chão ou para o nada, em passos rápidos, decididos, e despreocupados.

Desfilava!
Desconcentrava.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ensaio sobre festa


"Aqueles dois" se cruzam de duas a três vezes por semana. Eles não sabem, mas se conhecem. Mas não sabem. Em uma noite passada, repleta de sujeitos querendo fugir do mundo real, "aqueles dois" dividiram um momento. Ou se dividiram, também cabe ao caso. Foram segundos ou minutos, não se sabe disso também, apenas que aquele tempo teve lá seu quê de eternidade.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Cavaleiros apelados


Calmaria. O som da bandeira tremulando desengonçada, as nuvens andando sorrateiramente pelo céu, a grama dançando em perfeita harmonia. Ao passar por aqueles campos ainda verdejantes, o frio e suave sopro de vento parecia anunciar a chegada da morte, que naquela tarde ainda teria muito trabalho a fazer.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Lua minguante


Em qualquer outro momento aquela seria a pior sensação de todas. Não era o caso. A água gelada do lago batia e adormecia seus pés. Aproveitava o perder do tempo! Já era de madrugada, e faria frio pra qualquer outra pessoa.

domingo, 11 de setembro de 2011

Falsa epifania


Me pego acordando de madrugada sem saber se estou inspirado ou se apenas me recordo de nossos instantes. Em sua memória tenho minhas falsas ideias de inspiração, quando na realidade quero apenas me expressar. Mostrar-te que tudo o que restou foi aquela ponta da saudade que tentamos afogar, embora ainda sinta prazer em rever nossos momentos curtos e arrastados. Nosso tempo inesperado, espontâneo, limpo. Acabado. As linhas que um dia se cruzaram estão de volta ao seu curso anterior, sem mais ter vontade de voltar. Contudo, um contido sorriso surge em meu rosto sempre que, por um descuido ou uma falsa epifania, resolvo olhar para trás.

domingo, 4 de setembro de 2011

Probabilidades e expectativas


Os melhores momentos de nossa vida fazem parte dos dias menos prováveis. Essa deve ser uma lei que os atos dá natureza humana cria inconscientemente como se divertisse de forma sádica com a mente lúcida. Caso não uma regra única, faz parte apenas de um parêntese de uma lei ainda maior: no dia que seu cabelo acordar estranho, no dia que crescer uma espinha em sua testa, no dia que não lhe restar roupas íntimas, a oportunidade irá bater a sua porta de forma impossível de não se aproveitá-la. Mas cuidado! Se qualquer coisa assim acontecer, não tenha a ousadia de lembrar de tal norma! Expectativa é o primeiro passo para acabar com sua noite. Muito o pouco parece quando nada se espera.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Mensagem apagada


Há coisas que simplesmente acontecem. Não é necessário força de vontade, insistência ou prática para que seja feito. É um fluir natural que desenha ou deixa de desenhar os detalhes mais belos de nossos destinos.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Estagnado


Formicação. Incomodava, mas ficava pior quando mexia suas pernas. Talvez por isso ainda estivesse ali, de joelhos, já com areia em seus lábios.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

As rédeas e os detalhes


Olhava-se, com a raiva contida estampada em seu rosto, naquele longo espelho que ocupava toda a parede. Suas mãos escorregavam lentamente no molhado balcão em que se apoiavam. “Idiota!”, disse num tom inaudível, mesmo estando sozinha no banheiro. Ela aguardava uma atitude sua a muito tempo, e já estava cansada disso.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Vale nebuloso


Com as luzes acesas, estava deitado em sua cama, ainda vestindo seu jeans. Jogava sua bola anti-stress pro alto, como se houvesse mesmo algum proposito naquilo. Apesar de não admitir, esperava por uma mensagem no celular ou qualquer outra coisa que o arrancasse de sua morbidez. Seus erros haviam lhe tirado, de pouco em pouco, o sabor da satisfação, deixando apenas a cobrança imediata de uma atitude.

domingo, 7 de agosto de 2011

Como vive o passado


Naquela noite, em meio ao caos, eu te vi. Banhada de indiferença, se preocupava apenas com o segundo que se passava. Invejava! Mesmo sem querer, exibia como se deve levar a vida. O passado que eu tanto gostava de recordar estava na minha frente, sem me enxergar. Não precisava.

Eu te vi.

Você vivia.

Eu te via.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O berrar da tela branca


O escritor anda de um lado para o outro. Normal. Fazia aquilo para buscar inspiração, organizar suas ideias, aprimorá-las. Porém, havia algo diferente naquele andar. Havia angustia, havia um problema. O escritor anda de um lado para o outro. Ele não escreve mais.

sábado, 16 de julho de 2011

A última noite de insônia


Vira, revira, vira de novo. Corpo e travesseiro mudam de posição incontáveis vezes. Seu corpo pede descanso, mas sua mente não consegue lhe dar. Estava ocupada, perturbada demais. Havia uma necessidade, mas seu orgulho impedia de ser satisfeita.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Cabeçalho


Sou apaixonado pelo princípio. A perspectiva, as promessas, o futuro belo e vago. Não consigo pensar em outro momento que provamos de forma tão intensa o sabor do não saber, o doce da dúvida. Todo um nada a ser preenchido, e um leve tempero de expectativa para ter por onde começar. Acredito ser essa uma das várias formas simples de se encontrar a felicidade. Quem dera saber fazer de todos os dias uma primeira vez. Quem dera!

domingo, 20 de março de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ser urbano


As luzes quadradas passavam pelo teto do carro. Começavam devagar, depois ganhavam velocidade até desaparecer em algum momento. Aquilo acontecia gradualmente, como se quisessem imitar as ondas do mar. Atrás de seu banco havia música, o elemento que dava sentido a todas as coisas aleatórias que aconteciam naquela noite.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Fadiga acumulada

 
Sinto pena é dos grandes atletas, que têm sua derrota repercutida e comentada por todos aqueles que sequer viram sua preparação. Já não bastasse a culpa que sente dentro de si, que o consome por dentro como uma lâmina que funciona a partir de seus pensamentos, ainda terá de aguentar todos aqueles dedos apontados carregados de analises e tira-teimas dando luz a suas falhas. Uma a uma.