Olhava-se, com a raiva contida estampada em seu rosto, naquele longo espelho que ocupava toda a parede. Suas mãos escorregavam lentamente no molhado balcão em que se apoiavam. “Idiota!”, disse num tom inaudível, mesmo estando sozinha no banheiro. Ela aguardava uma atitude sua a muito tempo, e já estava cansada disso.
Levantou os olhos de volta para seu reflexo. Sem falsas modéstias, via toda a beleza que o "idiota" fingia não ver. Se perguntava como as coisas não aconteciam, ou por que tinha que esperar a iniciativa de um cego. Foi ai que surgia em seu rosto um sorriso e uma maldade. Percebeu que ela não precisava esperar.
Maquiou-se, saiu e agiu. Não teve espera naquela tarde, nem resmungos naquela noite. Tudo o que houve foi uma despedida de um garoto confuso a uma mulher que aprendeu a ter o que quer. Sem aguardos, sem cavalheirismos. Apenas a satisfação. Era, no fim das contas, o que ela queria.
você é muito bom nisso
ResponderExcluirdeveria escrever um livro...
de preferencia policial...
Isso é realmente bom! Adorei.
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