Era um escritor, e pela primeira vez sentiu necessidade de desenhar. Queria criar um retrato com apenas o mais belo que via em sua musa. Botaria a prova o quão longo seria o tempo gasto para ilustrar aqueles tão curtos cabelos que o conquistara, ou mesmo aquele largo sorriso que, só de ser recordado, recria-se em seu próprio rosto. Seriam horas a fio caprichando em seus detalhes. As palavras, aquelas que ele achava ter tão pleno domínio, já não eram capazes de expressar o que sentia.
A noite chegava, e com ela a vontade de relembrar o que tanto lhe inspirou. Em uma chamada efetuada no impulso, ouviu a voz daquela que ocupou sua mente durante toda a tarde, e agora ocupará seu ouvido por toda a madrugada. Sem entendimento claro, as coisas simplesmente acontecem. Entretanto, não era mais necessário entender. Como ele próprio havia se convencido outra vez, é um fluir natural que desenha ou deixa de desenhar os detalhes mais belos de nossos destinos.
Gostei desse. Em especial, gostei desse.
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