segunda-feira, 25 de julho de 2011

O berrar da tela branca


O escritor anda de um lado para o outro. Normal. Fazia aquilo para buscar inspiração, organizar suas ideias, aprimorá-las. Porém, havia algo diferente naquele andar. Havia angustia, havia um problema. O escritor anda de um lado para o outro. Ele não escreve mais.

Era madrugada, não deveria estar ali. Ainda sim, permanecia. Algo o levara até lá. Inspiração, talvez? Ou o simples desejo de exercer sua função há muito tempo não exercida? De qualquer forma, lá estava ele, olhando para aquela tela branca que berrava para ser manchada.

Seu ritual não estava completo. "O que falta?" pergunta-se ele, já pelo sexto cigarro, ou seja lá qual fosse seu vício. Suas ideias não se transmitiam no papel. Talvez por não havê-las, ou será que perdera a habilidade de traduzi-las? Ouvia os berros da folha em branco, mas não ouvia o que sua mente tinha a lhe dizer. Talvez não tivesse nada mesmo.

Já é de manhã, e a tela, ainda branca, já parava de berrar. Novamente a inspiração não lhe veio. Temia estar condenado a esperá-la como uma dama espera seu marido voltar da guerra, sem saber se ele ainda estaria com vida. Quantas outras tantas noites foram perdidas da mesma forma?

Seja como for, o escritor não escreveu naquela noite. O escritor não escreve mais.

Este texto é uma homenagem a todos os escritores que certamente já passaram um dia por essa agonia. Que nunca falte inspiração a quem tem paixão em escrever. 
Feliz dia do escritor!

Um comentário:

  1. Eu já ia brigar com vc: "quem lhe deu a permissão de ficar escrevendo sobre mim no seu blog?" mas aí eu li o finalzinho, que liiiiiinds Thi. Gostei, como sempre, ôh diacho de menino ecantador. Beeeijos, migs. ^^

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