Caía com leveza, fazia barulho ao se espatifar numa superfície de vidro, e por ela escorria como uma forma de fazer arte. Ao fundo, o brilho do asfalto molhado contracenando com um infinito céu cinzento. Tudo ao som de pequenos e contínuos estralos no telhado, fazendo parecer que o tempo é algo que já não impota mais.
Havia um espectador, que assistia a chuva aproveitando de todo conforto que um par de meias e um cobertor sobre os ombros eram capazes de proporcionar. Por um breve momento acreditou estar sendo purificado por aquele fenômeno da natureza. Era o tempo de uma leve e fria briza entrar pela fresta da janela, fazendo-o se sentir parte daquela cena.
A manhã anterior havia sido igual, e na precedente a ela também não foi diferente. Ele sentia falta da agitação, da batida grave de uma música sem letra, e do valor que dava aos sábados. Mas isso não o incomodava. Mesmo sem saber, ele gostava daqueles dias tão iguais, só não se preocupava em aproveitá-los. Na prática ele não gastava muito tempo com preocupações. Não... Janeiro não permitia tal futilidade.
Muito bom, não só esse texto mas como todos que dei uma lida...
ResponderExcluirAdorei seus textos de verdade, nunca pare de escrever.
Abraços