segunda-feira, 26 de março de 2012

Ao vento


Gostava de dormir ao som de músicas, mas naquela noite preferiu apenas o nada. Para representar o silêncio havia o discreto ruído de um ventilador que lançava ventos gelados e cortantes sobre o peito descoberto. Naquele instante, queria e sentia o frio. Repudiava o calor.

Pensamentos vagabundos rondavam aquele quarto, parecendo estar em sintonia com o circular daquela contida ventania. Sentia-se tolo. Percebera ter vivido e sofrido somente para aprender mais do mesmo. Afinal, quando a poeira abaixa podemos perceber que aquilo que a levantou realmente não era nada tão grande assim. Mera empolgação juvenil!

Novamente, o vento gelado batia em seu peito. Era tudo o que queria. Fugia do calor, da música, ou de qualquer outra detalhe banal que trouxesse a lembrança dos abraços de quem, num ontem tão próximo, lhe deu adeus com os mesmos olhos que lhe deu bom dia.

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