sábado, 3 de outubro de 2009

Que minha loucura seja perdoada


E nós pulamos! Pulamos sem verificar se as cordas estão bem amarradas, se os equipamentos estão em seus devidos lugares. Quando queremos algo (queremos mesmo) todo o protocolo de segurança passa a ser ignorado. Não só o protocolo, mas toda e qualquer coisa que nos faça perder mais tempo. Já perdi tempo demais vindo até a beira dessa ponte, porque perder mais tempo verificando se está tudo em ordem?

O cair... O prazer de correr um risco, aquele medo acompanhado de uma segurança amarrada aos seus pés. Nós nem vemos o que nos segura, apenas sentimos que está lá. O fato de não ter checado se seria um pulo seguro não nos incomoda... tanto. O importante agora é apenas curtir o vento batendo em nosso rosto e a adrenalina correndo em nossas veias.

Não nos preocupamos com a corda de segurança. Pelo menos não antes de ouvi-la se romper...

Chegamos ao chão com a mesma intensidade que curtimos o nosso cair. O nosso choro denuncia que sentimos uma dor maior do que a da criança que birra por não ter pulado. Mas, por algum motivo, a dor de sentir nossos ossos fraturados parece mais digna da dor de quem não teve a coragem de pular. Percebemos que aquela dor, por mais terrível que seja, evidencia que somos humanos. Afinal, você descobre que é digno (ou capaz) de sentir dores de verdade.

E agora, depois de nosso erro, nos encontramos paralisados numa cama. Chegamos a pensar que nos precipitamos, que deveríamos ter checado tudo antes de pular. Ou melhor: não deveríamos nem ter pulado! Bungee jumping... Algo tão arriscado, tão inútil! Por que nós queríamos tanto fazer isso?

Não importa. Não agora! O que importa é fizemos o que tivemos vontade de fazer. Está certo que foi de uma forma inconseqüente, mas está ai a graça do seu erro! Ao menos por alguns segundos você viveu intensamente. Viveu sem se perguntar por que, pra que, como, ou mesmo se continuaria vivo depois dessa. Apenas viveu.

Você não sabe quanto tempo ficará paralisado nesta cama, ou quanto tempo levará para tomar coragem para pular novamente. Pode levar dias, meses, anos! Será que você pularia da mesma ponte novamente?

Como vamos saber? Isso só o tempo irá dizer. Talvez sua recuperação não dependa da intensidade de sua queda, mas simplesmente da sua disposição em voltar a pular.



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Este texto foi escrito a semanas, em relação ao texto Bungee jumping. Por mais que ele seja visivelmente diferente dos demais, não achei justo que fosse esquecido.

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