Converso com você, não mais olhando para seus olhos, mas para a folha verdejante que acaba de cair, ou para seu reflexo obscuro na poça d'água que você pisa sem notar, formada pela chuva que se pendura em forma de um inocente e venenoso chuvisco. O assunto de nossa conversa eu jamais vou saber qual foi ao certo, pois tudo o que queremos dizer está nas palavras ditas por um calculado deslize, ou mesmo naquelas que nos convém esquecer-se de pronunciar. Entre pausas e silêncios, é formada uma carta em outra língua, de palavras traiçoeiras e argilosas, que já me canso de não entender. Sou fatigado por suas fachadas de dóceis palavras, e paredes frias concretizadas por atos.
Um exausto não entendedor. É isto, e apenas isto, que hoje prova do veneno deste inocente chuvisco.