segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Emaranhados


Estava num lugar desconhecido, perdida entre seus lençóis, travesseiros, e algumas peças de roupa. Tantas mulheres pedantes de atenção, e esta tem a ousadia de dizer que estava farta. Sim, estava! Acabara de receber flores, e tudo que conseguia pensar é até quando elas iriam durar.

Ela não repudiava o compromisso, apena o desejava de forma particular. Queria algo puro e simples, sem essas tantas promessas rebuscadas e patéticas que aquele buquê lhe trazia. O lado belo da vida, ou como tantos pregam que é, havia morrido no momento que descobrira que a eternidade era criada num instante. Apenas palavras, que se resumiam a exatamente tudo que não eram.

Ainda debaixo dos lençóis, pegou o telefone e ligou para quem havia lhe enviado as rosas. Agradeceu o presente com uma voz sutilmente entediada e conversou algumas horas com o eufórico e bobo sujeito, sem precisar puxar assunto. Ao desligar o telefone, espiou o buquê por debaixo do travesseiro.

Se fosse para qualquer outra quem sabe tivesse surtido algum efeito? Esta, porém, queria algo menos chamativo. Nada de ilusões ou futuros bem desenhados, guarde isso para quem ainda preserva a ingenuidade. Esta mulher, que se perdera entre seus próprios lençóis, queria apenas um pouco de indiferença. Já se achava madura para isso.

3 comentários:

  1. Oi, meu nome é Geraldo. Acredito do lugar que você relata em sua história é um hotel que fica em Taguatinga. Conheço bem, pois já passei pela situação da garota e não aconselho a estadia.

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  2. adorei o "a eternidade era criada num instante." hahaha. bem, digamos que isso traduz bastante coisa. e isso é uma coisa boa. xD
    Parabéns mais uma vez, thiago (:

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