terça-feira, 15 de novembro de 2011

A quem faz sorrir


Vestia um jaleco de colégio com uma camiseta de a academia de taekwondo por baixo. Andava sorridente, mesmo sendo ainda manhã de uma sexta-feira. Por isso as pessoas gostavam tanto dele! Não era como qualquer um.

O jaleco que vestia servia para lembrar o emprego chato que tinha. Já a camiseta que usava por baixo parecia querer dizer a todos que aquele homem era bem mais do que o sujeito que acorda para te dar uma advertência. Acima de tudo, ele era um atleta afinal!

“Essa de Pequim eu perdi, mas ainda dá tempo de treinar pras Olimpíadas de Londres!”

Naquela manhã de sexta-feira passei por ele em frente à portaria. Jogamos conversa fora, daquelas que se faz num cruzar de esquina. Ele era o tipo de pessoa que com duas ou três frases te fazia se sentir melhor por um não tão breve momento. Dessas duas ou três, lembro apenas de uma que dissemos um ao outro ao se despedir:

“Um bom fim de semana pra você, rapaz!”

Aquele foi o fim de semana do dia 15 de novembro de 2008, dia da Proclamação da República que, para desgosto nacional, caíra num domingo. Para meu desgosto e de todos que estudavam em meu colégio foi o dia que veio a óbito o cara chato dos avisos, Luis Alberto do Nascimento, que naquele inicio de madrugada só queria estrear a moto nova.

O Luis não era como qualquer um, e por isso sua memória há de ser lembrada! Não como a de quem com a morte trouxe a dor, mas como a do homem que, numa manhã de sexta, nos trouxe um sorriso.

4 comentários:

  1. Que lindo. REALMENTE LINDO. Eu queria mesmo saber o que vc iria postar nessa data, novamente. O mesmo assunto mas sempre lindo. Gostei muito. Muito dessa vez. Nostalgia eu senti. Saudades do Luis :/
    Beeijos Thi (L)

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  2. É, 15 de novembro... não sabia que era por isso cara. Nostálgico, chega senti meu corpo formigando enquanto lia.
    O Luis me deixou uma lembrança semelhante, homem que, numa manhã de sexta, nos trouxe um sorriso.
    Ótimo texto! ><
    Benjamin

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  3. Ele realmente foi muito especial pelo pouco tempo presente na história daquela escola.
    Nunca vou me esquecer daquela sexta feira, que cheguei atrasado e fui conversar com o Luiz e o Carlos no SAE e o Luiz falava de sua tão preciosa moto que sua mãe lhe ajudou a pagar e ainda tirava carteira de habilitação. Dois dias depois em uma tarde de domingo, estudando para as ultimas provas do ano recebo a pior ligação que dizia: " sabe o Luiz do SAE ? Ele morreu. ".
    Me faz chorar até hoje.

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  4. Impressionante como, na primeira descrição do jaleco eu já tinha a plena certeza que se referia aquele que tanto me fez chorar de saudade a uns tempos... Ele era maravilhoso, e pode se passar muitos anos, sempre lembrarei de todos os momentos e sorrirei por ter tido a honra de conhece-lo. Lindo seu texto. Amei mesmo, ele merece essa homenagem.

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